quinta-feira, 18 de março de 2010

Matéria Revista Época

Morre Clodovil Hernandes

Após morte cerebral, deputado teve uma parada cardíaca

por QUEM Online

O deputado e estilista Clodovil Hernandes teve uma parada cardíaca e morreu às 18h50 desta terça-feira (17). Médicos que o acompanhavam no hospital Santa Lucia, em Brasília, já tinham constatado a morte cerebral por volta das 15h. Segundo a assessoria do parlamentar, a parada cardíaca impede que seus órgãos sejam doados, como ele desejava. O corpo será levado de Brasília às 8h desta quarta-feira e o velório está programado para às 10h na Assembléia Legislativa de São Paulo. O enterro deve acontecer às 17h no Cemitério do Morumbi.

Clodovil foi internado na manhã de segunda-feira (16) após ser encontrado caído ao lado de sua cama. Segundo os médicos, ele teve um AVC durante a madrugada. Ele já havia tido um problema semelhante em 2007, quando foi internado no hospital Sírio-libanês em São Paulo e chegou a perder parte dos movimentos do braço direito.

Confira a última entrevista de Clodovil a QUEM: "Brasília nunca mais será a mesma"

"Afronte o mundo, não sua consciência", escreveria Clodovil na lápide

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1. O Político (2006) - Eleito Deputado Federal faz uma grande reforma em seu gabinete na qual foram gastos 200 mil reais; 2. "A Casa é Sua" (2003) - Ex-estilista comanda um quadro no programa da Rede TV!

Clodovil foi um homem de muitas faces públicas. Nascido em Elisário, no interior de São Paulo, no fim dos anos 30, e adotado por um casal de espanhóis, estudou em colégio e formou-se professor. Mas logo começou a trabalhar como estilista. Nos anos 60 e 70, foi um dos principais nomes da alta costura no Brasil ao lado, principalmente, de Dener.

Costureiro dos famosos, Clodovil já era uma celebridade ele mesmo. Bastante genioso, protagonizava histórias antológicas. Em entrevista ao portal G1, o cabeleireiro Rubens Gonçalves de Souza, o Rubinho, amigo do deputado, contou a história de um dia em que os dois estavam em Buenos Aires.

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Pânico na TV (2004): Apresentador é alvo de brincadeira do "Pânico" e sai brigado da Rede TV!

“Encontramos, descendo do elevador, umas socialites amigas do Clodovil. Ficamos bebendo no bar do hotel e, em certo momento, pedimos café de saideira. O maître disse que não serviam café após as 18h”. Quando o argentino disse que só serviria o café no quarto, Clodovil teria respondido: “Então manda servir oito cafés no meu quarto, que eu vou descer de camisola rosa e tomar aqui embaixo”.

Clodovil sempre teve uma atitude contraditória em relação a sua sexualidade. Ao mesmo tempo em que fazia comentários e piadas como a da história acima, sempre declarou que a homossexualidade era um distúrbio, um desvio que não seguia as regras divinas.

De tanto frequentar programas de TV como o polêmico estilista, Clodovil acabou por ser assimilado pelo meio. No início dos anos 80, estreou no programa TV Mulher, da Rede Globo ao lado da sexóloga Marta Suplicy, muito antes de ela ser eleita prefeita de São Paulo, e da jornalista Marília Gabriela. Sua saída do programa entrou na história da televisão brasileira. Clodovil abandonou o TV Mulher durante a transmição ao vivo por desavenças com Marília Gabriela.

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Anos depois, em 1992, Clodovil ganhou o seu próprio programa na TV Manchete: Clodovil Abre o Jogo. Aos poucos, foi abandonando a moda e assumindo totalmente o seu lado apresentador, homem de TV. Depois da Manchete, no início dos anos 2000, participou do programa A Casa é sua. Novamente abandonou o trabalho com o programa no ar. Em 2004, retirou-se dos estúdios da Rede TV em protesto à abordagem feita pelos integrantes do Pânico na TV, da mesma emissora, que o haviam perseguido e cercado seu carro para fazê-lo vestir as sandálias da humildade. Na TV, fez ainda os programas Mulheres (TV Gazeta) e Por Excelência (TV JB).

Em 2006, foi eleito deputado federal pelo Partido Trabalhista Cristão. Na época, declarou que o congresso nunca mais seria o mesmo depois de seu mandato. Suas primeiras medidas foram estéticas. Tomou posse vestindo um terno de linho branco, chapéu e bengala e fez uma reforma de R$ 200 em seu gabinete com direito a uma mesa com pé na forma de uma cobra naja.

Pouco depois mudou para o Partido da República e quase perdeu seu mandado por infelidade partidária. Sua atuação política foi marcada por uma série de acusações de racismo, machismo e outros tipos de preconceitos.

AE/Reprodução
1. O Estilista (Anos 60 e 70): Formado professor primário, Clodovil torna-se famoso como o costureiro das socialites; 2. TV Mulher (1990): Em sua primeira atuação como apresentador Clodovil ainda tinha a imagem muito ligada ao trabalho como estilista

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